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FAZER TRATAMENTO HORMONAL DE SUBSTITUIÇÃO
Pode dizer-se que toda a
mulher climatérica é candidata ao tratamento hormonal de substituição e deve
sempre instituir-se desde que os benefícios sejam superiores aos possíveis
riscos e desde que a mulher apresente sintomas de carência estrogénica, deve
ser personalizada e feita de acordo com o seu perfil e factores de risco que
possa apresentar. Um dos seus benefícios é a melhoria da sua qualidade de vida.
Actualmente não dispomos
de critérios seguros que possam predizer em cada caso, que a mulher depois da
menopausa vai desenvolver sintomatologia severa dessa carência. Porém, sabemos
que a THS deve fazer-se obrigatoriamente:
-
na menopausa precoce e cirúrgica;
-
nos sintomas climatéricos intensos e prolongados;
-
na prevenção da perda óssea e diminuição do
risco de fracturas;
-
prevenção de alterações orais, especialmente
xerostomia e edentação;
-
correcção e prevenção de alterações oculares ( secura
dos olhos, diminuição da tensão ocular e prevenção das cataratas).
Se as manifestações
clínicas da pós-menopausa e as suas complicações, são da responsabilidade da
carência estrogénica, é lógico que a terapêutica correcta seja a administração
de estrogéneos ou produtos com acção estrogénica. Este tratamento será sempre
uma terapêutica de substituição, o que equivale a dizer que as posologias
utilizadas devem sempre simular as secreções basais dos ovários funcionantes.
Outros tratamentos, como o
Raloxifeno (Estalis) podem também prevenir as compilações graves da pós-menopausa
quer ósseas quer cardiovasculares.
Sendo a THS instituída por
vários anos, 5 anos, importa também que as mulheres cumpram o tratamento
prescrito e não o abandonem.
E entramos aqui na
“compliance” do tratamento, ou dito doutra maneira, na observância dos esquemas
terapêuticos propostos.
Certos trabalhos mostram
que o não cumprimento por parte das doentes se deve a várias razões que se
prendem essencialmente com:
a.
medo do cancro;
b.
aparecimento de hemorragias de privação, especialmente
se a mulher está já, há vários anos em pós-menopausa;
c.
má tolerância clínica, com aparecimento de sintomas que
geram preocupação
·
mastalgias e / ou tesão mamaria;
·
metrorragias;
·
aumento de peso;
·
sensação de edemaciada.
·
esquecimentos frequentes;
d.
longa duração do tratamento;
e.
preço dos medicamentos, alguns deles não
comparticipados.
f.
falta de informação correcta.
Aumentar a “compliance” do
tratamento deverá ser em primeiro lugar o nosso objectivo, se queremos tratar
estas mulheres.
Antes de mais o médico
deve estar convencido dos benefícios do tratamento e conhecer os possíveis
riscos da terapêutica.
Com tal tratamento as
doentes devem sentir o seu benefício e portanto, aceitar a relação
benefício/risco. Tudo isto exige diálogo e explicações à doente, informando-a
em todos os pormenores, mesmo no que diz respeito às nossas preocupações.
Na prática deverá ser a
doente a decidir se quer ou não fazer o tratamento, depois de lhe fornecermos
todas as informações.
Os diversos esquemas
terapêuticos deverão ser explicados e optar pelo mais simples em primeira
intenção, de acordo com as preferências da mulher e tendo em atenção eventuais
contra-indicações.
As consultas de vigilância
permitem um melhor controle clínico e uma maior adesão da mulher ao seu
tratamento hormonal.
CONTRA-INDICAÇÕES DA THS
Há que procurar no início
do tratamento as contra-indicações para uma THS. Isto compreende:
·
interrogatório minucioso e que pesquise factores
de risco;
·
exame clínico;
·
exame ginecológico;
·
citologia cérvico-vaginal;
·
perfil glucídico e lipídico;
·
mamografia.
CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS
PARA A THS
·
tumores hormonodependentes (cancro da mama e do
endométrio);
·
hemotopatias agudas;
·
doenças tromboembólicas recorrentes;
·
insuficiência cardíaca congestiva;
·
hemorragias genitais não esclarecidas;
·
lúpus eritematoso disseminado;
·
meningioma.
THS. POR QUANTO TEMPO?
Ao prescrevermos uma THS,
as nossas doentes perguntam quase invariavelmente: “por quanto tempo?” A nossa
resposta deverá adaptar-se a cada caso, entrando em linha de conta com os
benefícios da terapêutica e os factores de risco e na generalidade deverá ser:
o mais tempo possível, “no máximo cinco anos”
Dos benefícios desta
terapêutica, sabemos que as fracturas ósseas e as doenças cardiovasculares,
aparecem mais tardiamente em relação à idade da menopausa. Fracturas vertebrais
pelos 68 anos, fracturas do colo do fémur pelos 75 anos, doenças coronárias
pelos 70 anos.
Os benefícios da THS são
seguros nas mulheres que fazem esta terapêutica até muito tarde. Porém, esses
benefícios desaparecem após a paragem do tratamento.
Como continuar então, por
tão longo tempo uma terapêutica estrogénica? O aumento de incidência do cancro
da mama, para além de 5 anos de terapêutica, obriga-nos a ser prudentes e
portanto, a privar essas doentes dos benefícios da THS.
Parece então lógico que
sejam as próprias mulheres, com qualidade de vida diminuída, a pedir a
terapêutica para beneficiarem de uma melhoria das suas vidas e a aceitarem esse
risco. Mas isto na prática é quase impossível.
Um tratamento combinado
até 5 anos não tem qualquer influência sobre a mama e permite uma prevenção das
alterações ósseas e cardiovasculares, mas incompleta para a fractura do colo do
fémur e do infarto do miocardio que aparecem muito mais tardiamente.
Se há factores de risco
mamários o melhor é recorrer a outras terapêuticas como os SERMs.
Uma estratégia acertada e
apontada por muitos autores, será fazer 5 anos de tratamento a partir da
menopausa, parar e depois de alguns anos retomar a terapêutica.
A sociedade Europeia de
Menopausa e Andropausa propõe como recomendações para esta matéria o seguinte:
1.
recomendar o uso de qualquer tratamento hormonal nas
mulheres com sintomas climatéricos susceptíveis de afectarem a sua qualidade de
vida e acentuar que o uso tópico de estrogéneos, em baixa dose, por via vaginal
está indicado em qualquer mulher que necessite dessa forma de tratamento.
2.
reavaliar a necessidade de se continuar a terapêutica
hormonal após quatro anos e não recomendar o seu uso com o único propósito da
prevenção de doenças crónicas, tais como doenças cardiovasculares ou
osteoporose, uma vez que há outras alternativas.
3.
promover o uso adicional ou alternativo de estratégias
não hormonais para manter a saúde e prevenir as doenças em mulheres
assintomáticas.
4.
No intervalo sem terapêutica vigiar anualmente a perda
óssea por densitometria e em caso de perda óssea acentuada utilizar a THS ou
outras terapêuticas apropriadas, com o Raloxifeno.
O Raloxifeno utilizado no
tratamento da osteoporose, revelou-se no estudo MORE, em que foram avaliadas 7705
mulheres em pós-menopausa com osteoporose, que 40% das mulheres tinham uma
redução do risco de acidentes cérebro-vasculares e coronários e uma redução de
62% no risco de acidentes vasculares cerebrais, quando comparados com placebo.
Também em relação à mama
em 72% havia uma prevenção do cancro da mama.
A tibolona (Livial) tem
efeitos estrogénicos sobre o osso. Da mesma maneira que o estradiol, a sua
administração produz um ganho de massa óssea de 2 a 3% ao ano. Também no
aspecto cardiovascular a tibolona previne a formação da placa de ateroma na
coelha castrada. Diminui o colesterol total e a sua fracção LDL, os
triglicerídios e a lipoproteína A, não tendo qualquer efeito sobre o HDL.
Quanto à actuação da
tibolona sobre a mama, sabe-se que in vitro comporta-se frenando a proliferação
das células mamárias normais. A tibolona inibe as enzimas sulfatase e 17β
hidroxiesteroide desidrogenase responsáveis pela produção local do estradiol em
células do cancro da mama.
Por tudo isto, a tibolona
pode ser a alternativa a tratamentos prolongados. Sendo um esteroide de síntese
muito próximo do noretinodrel, liga-se fracamente aos receptores estrogénicos e
de maneira mais intensa aos receptores androgénicos e da progesterona. Pelos
seus diferentes metabolismos, a tibolona tem um efeito global do tipo
estrogénico num grande número de tecidos, exceptuando os tecidos mamários e do
endométrio onde o efeito do seu ∆4 isómero tem um efeito predominante. Os seus
efeitos em todos os sectores, parecem muito próximos do Raloxifeno, tendo no
entanto um mecanismo agonista nos receptores esteroides.
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