segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Medidas preventivas na menopausa (III)



Quando há uma insónia é aconselhável fazer:

-          procurar um ambiente tranquilo, sem ruídos e tudo o que possa alterar a conciliação do sono;

-          evitar o excesso de temperatura ambiente;

-          evitar tensões e stress;

-          evitar jantares abundantes e pesados; procurar deitar-se duas horas depois de jantar;

-          tomar um copo de leite antes de deitar;

-          ler, ouvir música, diminuem a inquietação de não poder dormir e ajuda a conciliar o sono;

-          evitar leituras que gerem stress ou preocupações e evitar ver filmes que provoquem temor ou medo;

-          praticar exercício físico; as pessoas que assim fazem têm menos insónias.


 

Ansiedade

 

A ansiedade é muito frequente no climatério. Manifesta-se por insegurança, medo, apreensão, preocupação por tudo e em especial pela saúde e pelo futuro.

A ansiedade é um sintoma climatério que acompanha frequentemente as mulheres, com temor e angústia, manifestando-se esta por palpitações, temor, dificuldade na respiração, dor precordial e muitas vezes medo de morrer ou também de enlouquecer.

 

Nervosismo

 

Acompanha-se quase sempre de irritabilidade e é um sintoma muito precoce na pré e na pós-menopausa. É um sintoma que incomoda muito a mulher no seu dia-a-dia, tanto para ela como para os que a rodeiam.

 

Astenia – Cansaço

 

O cansaço físico associa-se muitas vezes á fadiga mental. Este cansaço físico deve-se não só ao climatério como à idade da pessoa. O cansaço mental acompanha-se de diminuição da energia e do interesse pelos problemas do dia-a-dia, pela falta de concentração e às vezes pela apatia, que não é mais que uma manifestação involutiva, relacionada com a idade da mulher.

A perda de memória ou dizendo doutra maneira, as falhas de memória, são frequentes nas queixas da mulher nesta fase da sua vida. As alterações hormonais que aparecem na menopausa alteram as interacções sinápticas nervosas a nível cerebral, o que leva à perda de memória com mais frequência nas mulheres que nos homens.

Doença de Alzheimer

 

A doença de Alzheimer é a causa mais frequente de demência. As demências são afecções cerebrais de causa orgânica que levam à perda da memória, a alteração do pensamento abstracto e da capacidade de julgamento, distúrbios das funções corticais, com alteração do humor e do comportamento. A doença de Alzheimer é responsável por 60% das demências. Há que ter grande preocupação com esta patologia, por aumento da população idosa.

O quadro clínico caracteriza-se no seu começo, entre os 50 – 60 anos, por:

-     falhas da memória, de acentuação progressiva;

-     desorientação;

-     alterações das funções simbólicas.

Passados dois a quatro anos aparecem uma demência que influencia todas as funções intelectuais da orientação no tempo e no espaço, sem alterações da visão e alterações psicóticas. É a fase em que a doente não consegue sobreviver em sociedade sem ter auxílio.

Há provas que os estrogéneos têm um papel importante na prevenção na doença de Alzheimer. Com efeito, estes promovem a formação de enzimas necessárias para a síntese da acetilcolina. O deficit desta substância é uma peça importante na doença de Alzheimer.

Vários estudos mostram uma redução de 25 a 50% do risco relativo de desenvolver a doença de Alzheimer com tratamento estrogénico. Outros estudos apontam que os estrogéneos podem levar a melhoria de funções cognitivas e afectivas em mulheres com esta doença e em estados relativamente precoces.

Outro tipo de demência que pode ser, dentro de certos limites prevenida, é a demência pós-acidente vascular cerebral (ou pós-AVC). Quando a circulação cerebral se detiora, a mulher fica com declínio cognitivo, e muitas também com diminuição ou impossibilidade de serem auto-suficientes.

E por isso, as demências, sejam quais forem as suas etiologias, acarretam sempre uma deterioração das funções cerebrais e uma diminuição ou impossibilidade da realização das actividades diárias.

A demência pós-AVC, está sempre associada a possíveis recorrências de novos acidentes vasculares cerebrais mesmo frustes e a uma diminuição da sobrevida da doente.

Um factor de risco importante para este tipo de demência é a hipertensão arterial e as alterações lipídicas sanguíneas, pois mesmo em pessoas normais estas alterações podem provocar perturbações cognitivas discretas especialmente na atenção, na memória e no comportamento, daí a necessidade do controle daqueles parâmetros.

Na demência de causa vascular, juntamente com a baixa cognitiva normal associada à idade, acrescenta-se um declínio dessa função por haver pequenos acidentes cérebro vasculares, até aparecer o quadro de demência completo.

Isto é importante porque pode haver uma antecipação da doença de Alzheimer por estes acidentes vasculares cerebrais.

 

Alterações da Líbido

 

O impulso sexual ou libido é a sensação do desejo sexual consciente. A carência estrogénica não é a única responsável por esta alteração na menopausa.

A libido diminui com a idade, e esta é afectada por vários factores, entre ao quais podemos referir a sexualidade anterior, as relações com o parceiro e também a própria sexualidade da mulher.

Ao fim de alguns anos de menopausa também as alterações que produzem atrofia vulvovaginal fazem com que as relações sexuais sejam difíceis e dolorosas e a mulher perante esta eventualidade tenha a intenção de inibir-se. Mas, além dos factores anatómicos, próprios da atrofia vulvovaginal, as alterações hormonais influenciam a sexualidade. Os estrogéneos têm um papel de psicoplasticidade e podem considerar­‑se como autênticos psicotrópicos, aumentando o impulso sexual. Mas um suplemento de testosterona aumenta muito mais o desejo e a actividade sexual.

A administração de pequenas doses de androgéneos, mesmo com menores doses de estrogéneos, aumenta o desejo sexual e melhora a sexualidade da mulher na menopausa, aumentando até a frequência do coito. Também a maior parte das mulheres com TH e androgéneos apresenta uma melhoria da sua qualidade de vida com mais energia e melhor humor.

Com o terminar da função ovárica descem acentuadamente os níveis de estrogéneos mas também os de androgéneos e portanto, não podemos esquecer este aspecto.

E se notarmos os efeitos da testosterona ou seus derivados na mulher, verificamos quão útil é esta terapêutica adjuvante da TH.

Os androgéneos exógenos que podemos utilizar, exercem um papel importante sobre a fisiologia da mulher. Actuam sobre a sexualidade, particularmente aumentando a libido, o interesse sexual e mesmo a frequência do coito. Têm a nível da vagina, um efeito estrogénico, aumentando a espessura do seu epitélio e realçando ainda a sensibilidade do clitoris.

No cérebro, os androgéneos aumentam as suas funções, o rendimento intelectual, com maior poder de atenção e de concentração e dando uma sensação de euforia. A sua administração melhora os testes de memória. Alguns autores chamam até a atenção para a sua influência na prevenção na doença de Alzheimer.

Outros autores responsabilizam os níveis baixos de testosterona pela depressão, ansiedade, irritabilidade, insónia, fadiga, perda de memória, redução da massa muscular, perda de massa óssea, rarefacção dos pêlos sexuais e diminuição da líbido.

Os androgéneos têm assim um efeito agonista dos estrogéneos e aumentam a massa óssea, a massa e a força musculares, dando especial energia àquelas mulheres que têm uma actividade física intensa.

 

Artralgias, Mialgias e Nevralgias

 

Estes sintomas são muito precoces depois da menopausa e têm uma relação directa com falta de estrogéneos e por isso desaparecem com o tratamento hormonal de substituição. Devem-se à hipotonia muscular e relaxamento dos ligamentos ósseos, que provocam rigidez articular, dor localizada nas articulações, sobretudo na coluna cervical, ombros, joelhos e anca.

 

 

 

 

 

 

VAGINA

 



C

om a falta de estrogéneos a vagina fica predisposta à chamada vaginite atrófica. Isto produz queixas de:

 

·      Corrimento aquoso

·      Prurido vulvar e vaginal

·      Ardência ao urinar

·      Diminuição da lubrificação com as relações sexuais

·      Dispareunia (dor com as relações sexuais)

Se a paciente é sexualmente activa e a atrofia é severa, hemorragias pequenas podem ocorrer.

Aproximadamente 15% de todas as hemorragias após a menopausa são devidas a atrofia vaginal.

Com a perda de estrogéneos há uma diminuição da camada vascular de suporte e o epitélio fica mais fino. Isto traduz-se na perda das rugosidades vaginais.

Com o adelgaçamento da mucosa os bacilos de Doderlein desaparecem e o pH vaginal muda de 4,5/5 para 6/8. Este meio alcalino permite o crescimento de muitas bactérias patogénicas que provocam uma descarga aquosa referida como vaginite atrófica.

O diagnóstico de atrofia vaginal é estabelecido por uma citologia pobre em efeito estrogénico. A atrofia é tratada com estrogéneos. Se são usados estrogéneos locais ocorrem concentrações sistémicas e por isso mulheres que tenham contra-indicações para terapêutica sistémica não devem usá-los.

Os cremes intravaginais fornecem alívio rápido dos sintomas.

Uma vez os sintomas aliviados bastam aplicações intermitentes.

 

VULVA



O

 

s principais sintomas relacionados com a falta de estrogéneos a nível vulvar manifestam-se bastantes anos após a falta de menstruação.

As queixas mais frequentes são:

·      Prurido vulvar

·         Ardor vulvar

·         Secura vulvar

Estes sintomas podem ser devidos não só à falta de estrogéneos mas também a:

·         Distrofia vulvar

·         Neoplasia

·         Vaginite

Outra queixa frequente é a dispareunia. É necessário fazer uma história sexual para avaliar se a dispareunia já não existia previamente.

A distrofia e a neoplasia vulvares são mais comuns nas mulheres pós-‑menopâusicas mas não relacionadas com deficiência estrogénica.

A terapêutica local ou sistémica com estrogéneos pode melhorar todos estes sintomas, contudo antes do tratamento a vulva deve ser inspeccionada.

Qualquer área suspeita deve ser avaliada com biópsia.

 

 

 

TRACTO URINÁRIO

 



O

s primeiros sintomas associados com o tracto urinário e perda de estrogéneos são devidos ao Síndrome Uretral que compreende:

·         Aumento do número de micções

·         Gotejamento após a micção

·         Incontinência de stress

·         Espasmos urinários

Bacteriúria pode ser encontrada em mais de 10% das mulheres pós­‑menopâusicas em comparação com 4% nas mulheres pré-meno­pâusicas. O 1/3 distal da uretra é a parte mais estrogéneodepen­dente do tracto urinário. Com uma deficiência prolongada de estrogéneos a uretra ficará mais fina e tornar-se-à não distensível.

A atrofia do epitélio uretral pode causar divertículos, uretroceles e cistoceles.

Com o envelhecimento há uma diminuição na perfusão renal o que faz com que o rim perca a sua capacidade de concentração.

Com a terapêutica estrogénica os sintomas de polaquiúria, goteja­mento pós-miccional e micção imperiosa ficam resolvidos.

 

 

 

 

 

 

 

SEXUALIDADE

 



M

uitas mulheres após a menopausa referirão diminuição do prazer sexual e até impossibilidade da sua realização.

As queixas mais comuns incluem:

·         Diminuição da lubrificação

·         Dispareunia

·         Ardência pós-coital

·         Espasmos uterinos associados ao orgasmo

Estas queixas são aliviadas com a terapêutica estrogénica. A diminuição do desejo sexual não está associado a deficiência estrogénica e é habitualmente psicológica.

Na mulher pós-menopâusica a circulação sanguínea diminui na vagina e isto traz como consequência uma lubrificação diminuída. A reposição estrogénica melhorará a circulação vaginal e encurta o tempo para uma lubrificação adequada.

Outra complicação é a subida do pH. Esta alcalinização da vagina diminui a capacidade tampão contra o sémen.

O sémen tem pH de 7.5/9 e por isso é capaz de produzir sensação de queimor

À medida que o útero se torna hipoestrogénico o miométrio torna-se irritável. Na altura do orgasmo o espasmo uterino pode ser tão intenso que é comparado ao trabalho de parto.

Toda esta sintomatologia pode ser corrigida com estrogéneos.


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